terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Trabalhando como voluntário na festa da ONG LGBT que organiza uma festa a cada mês - Lambda party

A única festa gay da cidade aqui acontece apenas uma vez a cada mês, e é organizada por uma ONG que luta pelas causas LGBT e é formada unicamente por voluntários. Assim, desde que cheguei aqui e fiquei sabendo disso, eu vim cogitando a possibilidade de me voluntariar e ajudar o pessoal de alguma maneira. A festa desse mês foi de temática o dia dos namorados (comemorado dia 14 de fevereiro aqui). Eu estava lá de camisa social e fone no ouvido ligado a um walktalk, correndo pra cima e pra baixo cuidando de manter tudo organizado e limpo enquanto as pessoas enchiam a cara e se divertiam :)

Eu podia beber o que eu quisesse de graça. Mas eu tava tão ocupado cuidando das coisas, dançando e socializando com montes de pessoas ao mesmo tempo que eu trabalhava, que eu acabei preferindo manter as coisas sob controle sem beber demais. Ainda que eu tenha tomado uns bons shots de bebidas diferentes, até de cliente me chamando pra tomar junto. hahah

Meu objetivo com isso, além de ajudar o pessoal, era também de poder conhecer e interagir com mais pessoas. Essas fotos são algumas das que foram tiradas com pessoas que já conheci em outras ocasiões, que iam chegando já bêbadas na festa e me puxando querendo tirar foto comigo, parecendo meus amigos doidos do Brasil. hahah Esse tipo de coisa me faz sentir o pessoal daqui menos "ET" do que parece. heheh




A festa acabou por volta das 4am, e pelas 5:30 eu tava pedalando de volta pra casa morto de cansado e sem voz, depois de limparmos e deixarmos tudo organizado no ambiente da festa (que se eu não me engano é um ambiente cedido sem custos pra festa). Possivelmente no próximo mês estarei lá de novo, e talvez como bartender.  :)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Honestidade do cotidiano

Alguém perdeu um smartphone e ele foi encontrado por um dinamarquês. 
Resultado?



Um bilhete pregado na janela do corredor do prédio "Alguém perdeu um smartphone HTC? Ele foi encontrado." junto o endereço de onde a pessoa pode buscar seu aparelho perdido.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Alguns passos da minha imersão cultural e algumas outras coisas diferentes da cultura daqui observadas em dois dias de passeios: Flensburg e Billund

Hej gutter. Tenho umas novidades sobre o que ando vendo e aprendendo de estranho e incomum pra um brasileiro no meio de dinamarqueses. Na última uma semana, fui convidado a fazer duas viagens a lugares diferentes com uma família dinamarquesa. Me juntei a eles, e vivi uma coisas interessantes que até me inspiraram a escrever mais um post com alguns choques culturais que ainda ando tendo por aqui.

O primeiro convite veio numa terça-feira, feito por um colega de trabalho. Ele me convidou pra ir com ele, sua esposa e seu filho de dois anos fazer compras em Flensburg, na Alemanha. Eu respondi fazendo a pergunta "mas você acha que o chefe vai me deixar sair pra viajar em plena quarta-feira?" e ele me disse pra que eu tentasse em tom de quem sabia que eu receberia um "sim". Sem saber como pedir isso ao chefe, acabei sugerindo junto ao meu pedido de ausência de trabalho, que eu poderia ir trabalhar no sábado pra "pagar" as horas. O chefe aceitou, como quase sempre ele aceita. Falando no meu chefe, eu ainda estou pra descobrir se ele é um cara tão legal quanto ele geralmente é por ser uma característica comum de chefes dinamarqueses, ou se eu dei uma puta sorte por ter um chefe desses. (não falo só por ele me deixar faltar numa quarta, mas por outras diversas coisas legais que algum dia eu deverei vir aqui listar mais detalhadamente)
Aí pegamos estrada pra Flensburg. Parece que é algo super comum pela Dinamarca à fora as pessoas que têm carro pegarem estrada e irem fazer compra nessa cidade. Isso porque ela fica exatamente na fronteira da Dinamarca com a Alemanha, mas por estar no lado da Alemanha os produtos têm impostos MUITO mais baixos e compensa demais a viagem. Eu voltei de lá com 3 calças novas pelo preço que eu teria pago por apenas uma se tivesse comprado aqui na Dinamarca.
No nosso caminho a Flensburg, tínhamos que ir até a casa do sogro do meu colega pra deixar seu filho sob seus cuidados durante nosso dia de compras. Como seu sogro mora no campo, foi uma oportunidade de passamos por alguns sítios e o casal (meu colega e sua esposa) me contarem um pouco sobre a vida rural na Dinamarca. Nos sítios por aqui, as vacas têm uma "casa" especial pra elas. É um curral com paredes fechadas, com aquecedor de ar e música pra que elas mesmo durante o inverno possam produzir leite sem serem congeladas ou sem terem suas tetas congeladas na neve do lado de fora. Por falar nas tetas, geralmente quem tira o leite delas são robôs. No Brasil também tem isso, obviamente, mas acho que aqui é algo muito mais comum já que até moradores rurais tem mais grana. Fora isso, enquanto meu pai sofre furtos de vacas no seu sítio no interior mineiro, aqui o que delimita os sítios às vezes é unicamente um fio elétrico que só faz dar um susto e tocar de volta pra dentro do pasto a vaca que encostar nele. Aparentemente não existe roubo de gado por aqui. Mas às vezes roubam máquinas ou algo tecnológico que tenha nos sítios. Daí alguns morados do campo, como o sogro do meu colega, colocam câmeras de segurança ao redor das casas e alarmes. Coisa que geralmente o povo no Brasil não tem dinheiro pra comprar, ou que não acham que vale a pena gastar com isso. Ainda falando dessas casas de campo ou sítio, aparentemente até elas não escapam das mãos super-poderosas dos dinamarqueses quando o assunto é decoração. Se todas as casas são como essa casa que visitei, pode saber que elas possivelmente são mais aconchegantes do quê a sua casa. Sofás grandes, TV de tela gigante, aquecedor, decorações e iluminação que fazem as casas tornarem os dias inteiros dentro de casa se escondendo do frio um tanto quanto, no mínimo, aconchegantes. Até pros dois gatinhos da casa, que além de terem uma passagem na porta só pra eles poderem entrar e sair quando quiserem, eles ainda têm uma coleirinha que além de identificá-los, ainda tem um chip que detecta que eles estão se aproximando da portinha pra gatos e a destranca automaticamente, evitando que gatos da vizinhança entrem dentro da casa pra comer suas rações. Os sistemas de água, esgoto, aquecimento de ar e etc são produzidos pelos próprios donos da casa e geralmente são ecologicamente corretos e autossustentáveis, reaproveitando luz solar, reaproveitando água, etc.
Fora isso, o resto desse dia foi basicamente passado dentro de lojas e supermercados na cidade de Flensburg. Compramos coisas baratíssimas e finalmente provei o prato super típico alemão que é a salsicha com as batatas fritas e uns molhos. Mas achei aqueles molhos uó.

O outro dia de viagem também foi feito com meu colega e sua família. Ele me ligou no dia, que era um domingo que ele fazia aniversário (falando assim, parece que foi a um super tempo atrás, mas na verdade foi ontem! hahah), me convidando para ir a um parque aquático na cidade onde os brinquedos Lego foram criados: Billund, no oeste da Dinamarca. No caminho, fui tentando ler os livrinhos de historinhas pra bebês dinamarqueses que é do filho do meu colega (que tem 2 anos, só pra relembrar). E tentando falar algumas palavras em dinamarquês ao interagir com o bebê, porque eu basicamente falo tanto dinamarquês quanto ele. hahahah
Então lá estávamos nós, num parque aquático chamado Lalandia. Acho que foi o primeiro parque aquático que fui em toda minha vida. E eu cheguei a comentar que achei melhor ir num parque aquático do quê ir às vezes à praia, pq no parque pelo menos não tem aquele sol infernal me torrando enquanto a água do mar tá fria pra caralho (yes, eu queria que tivesse aquecedor na água das praias - saudades de compartilhar o mar com os tubarões de Recife, que deu agora). Enfim, antes de irmos pra piscina veio a primeira regra: meu colega me disse que eu tinha que tomar um banho antes. Aqui a maioria das vezes não precisam nem colocar funcionários vigiando se as pessoas não estão destruindo as coisas, porque além de não destruírem elas ainda SEGUEM cada regra que for definida. Então lá fui eu tomar banho, seguindo o desenho na parede que mostrava que deve-se tomar banho sem roupa, e apontando todas as partes do corpo que deviam ser bem lavadas (cabeça, debaixo do braço, genitais, etc). Depois de tomar o banho, aí sim você põe sua roupa de piscina. Então quando eu já estava com minha roupa de piscina, falei com meu colega que eu precisava fazer xixi antes. Sabe a resposta? Ele me apontou o banheiro, falando que eu podia fazer xixi ali, e me apontou de novo o chuveiro, falando que eu tinha que tomar banho de novo depois de fazer xixi. SÉRIO? Sério, produção. E fui eu fazer isso né. Aprendendo a ser um bom cidadão dinamarquês. hasuhasuh
Bom, falando nos banheiro e de todas essas regras pra tomar banho.. Tem chuveiros com porta, mas a maioria das pessoas usam esses chuveiros que ficam um do lado do outro mesmo. Dinamarqueses geralmente não têm problema algum em ficarem nus. Tomam banho e andam nus pelos vestuários de qualquer lugar. Homens nus, adolescentes nus, crianças nuas, avôs nus. Eu tenho me adaptado a isso e achado super interessante ver corpos nus. Adolescentes em desenvolvimento e homens velhos com o corpo que eu terei um dia. Acho que as pessoas deveriam andar mais nuas, porque escondem demais o corpo humano e aprendem de menos sobre si mesmos. Ainda tô me adaptando a isso e por estar me adaptando eu fico com medo do meu cérebro acabar me trapaceando e me deixando constrangido em algum momento como quase já aconteceu. hahah Mas com sorte, chegarei num ponto que tudo isso será simplesmente banal, tanto quanto deveria ser.
Ainda no contexto dos banheiros com homens nus caminhando pra todos os lados, nesse parque aquático eu ainda vi uma menininha dentro de um desses banheiros. Era seu pai quem a havia levado pra dar banho e trocá-la, o mesmo que o meu colega estava fazendo com seu filho de dois anos, todos andando nus por lá.
Esse pai, assim como outros, levam suas filhas e as trocam no banheiro que eles têm acesso - ou seja, o masculino, obviamente. Da mesma forma que mães no Brasil levam seus filhos meninos para dar banho e trocá-los em banheiros femininos. A diferença é que aqui as tarefas de cuidar dos filhos são divididas igualmente entre os pais. O pai tem tanto o dever de dar banho e trocar a filha quanto a mãe tem. Quando estávamos jantando após sairmos do parque aquático, por exemplo, meu colega desceu com seu filho para brincar no playground enquanto sua esposa ficou jantando. Depois de algum tempo contado, ela olhou no relógio e falou "hora de trocar!" e desceu pra brincar com o filho, enquanto meu colega voltou para comer. E assim revezavam ambos ora indo brincar com o filho, ora indo comer mais um pouco enquanto dava. A mãe trabalha tanto quanto o pai, o pai cuida tanto do filho quanto a mãe, ambos têm tanta obrigação de preparar o jantar e de limpar a casa quanto o outro tem - e eles estão sempre revezando nessas tarefas com prazer de estarem igualmente participando da vida do filho.


Meu colega brincando com seu filho no playground. Infelizmente esqueci de tirar uma foto quando a esposa dele revezava brincando com o menino da mesma maneira.


Ouvi meu colega falar de amor, a relação afetuosa do seu filho com ele e sua esposa. Pelo que vi em famílias pelo Brasil, só lembro de ter visto uma relação desse tipo na família de um amigo paulistano (por incrível que pareça). Mas né, eu venho do interior de Minas, por lá acho que isso é super incomum mesmo.
Ao me perguntar sobre meus planos de continuar no país depois que meu contrato aqui acabar, meu colega citou que eu poderia encontrar algum cara dinamarquês e me casar. (Aqui você já pode notar o quão natural é uma pessoa gostar de pessoas do mesmo sexo neste país.) E a esposa dele concordou e brincou dizendo que eu poderia até mesmo me casar com o irmão do meu colega (que é um adolescente de 16 anos que eles suspeitam que pode ser gay).
No caminho pra casa, a esposa do meu colega ainda fez piadinha dizendo que eles poderiam me adotar (meu colega tem a minha idade, sendo ainda uns meses mais novo!), depois de brincar dizendo que precisam de ajuda pra cuidar do filho porque é meio difícil achar babás por aqui. O bebê dia desses brincava com a gente e começou a correr até meu colega e abraçá-lo, e depois correr até mim e me abraçar. No parque aquático ele pegou com uma mão a mão do meu colega e com a outra ele segurou a minha quando caminhávamos por lá. A coisa mais fofa do mundo o menino de cabeça amarela e olho azul. Eu me divirto aprendendo dinamarquês com os brinquedos dele, quando ele aperta um milhão de vezes num mesmo botão pra ouvir o tablet soltar a palavra "traktor" ("trator", em dinamarquês). Nunca me senti tão bem-vindo por um casal de heterossexuais.

Me convidarem pra essas viagens e passeios com uma família dinamarquesa tem sido finalmente a maior imersão cultural que eu consegui fazer até agora, em seis meses morando por aqui. Aparentemente existem amizades duradouras começando - em passos lentos, como a relação com dinamarqueses tem que ser.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

E aí como está tudo na Dinamarca? Está tudo certo com o trabalho? E o choque cultural?

Como eu não tenho postado aqui, e hoje recebi um e-mail do pessoal da AIESEC lá de Belo Horizonte perguntando como estão o intercâmbio e as coisas, vou colar minha resposta aqui e fica como um post :)

Oi Leone, tudo bem? E aí como está tudo na Dinamarca.
Está tudo certo com o trabalho? Como você está lidando com o choque cultural? Teve algum fato inusitado que aconteceu com você? Já se acostumou com a comida?



E minha resposta..

Hey! Tudo supimpa por aqui :)
Tá tudo de boa. O trabalho está tá super tranquilo, e a questão da comida eu nem tive problemas pra me adaptar.. A casa que tô morando é mara, pago preco super barato, é tudo mobiliado e tenho uma vista linda. Quanto à língua... tô aprendendo dinamarquês e é super difícil. rsrsrs Mas todo mundo fala inglês. Aí o problema acaba sendo os milhoes de sotaques diferentes de ingles que tem por aqui, já que não sao nativos. O pior de tudo é que justo no trampo, as pessoas mais importantes tem os sotaques mais difíceis. E como falam só dinamarquês entre si o dia inteiro, dificulta pra eu entender o inglês deles e eu acabo me isolando um pouco, evitando puxar conversa. Mas tá de boas, o lance de falarem dinamarquês entre si vai acabar sendo vantajoso pra mim no fim das contas, pq por estar escutando a língua o dia inteiro possivelmente a aprenderei mais rápido. =)

Vi ses! hej hej ;)



Agora só aproveitando que tô atualizando aqui.. eu criei uma página no Facebook pra postar sobre meus vídeos e histórias pedindo carona pelo mundo a fora, consequentemente postarei os vídeos que já fiz pedindo carona pela Dinamarca e os próximos vídeos que farei também. Se quiser curtir, fica o link: Hitchhiking Leo Carona, histórias de um leo caroneiro


Té a próxima peoples! o/

sábado, 19 de outubro de 2013

Meu antes... e meu depois (que é a presente vida na Dinamarca)

"Oi, só queria dizer que ontem passei tanto tempo lendo seu blog (incrível por sinal, parabéns) e vendo seus vídeos que sonhei que tava numa trip com você uehuehue é isso"

Então eu começo o post de hoje com essa mensagem que recebi agora há pouco. Ela que me motivou a atualizar aqui depois de tanto tempo sem postar nada.

Já passaram dois meses e uns 20 dias que estou aqui na Dinamarca, me acostumando com todas as coisas e sotaques de inglês. Agora que estamos chegando no final de outubro, o dia já está ficando escuro por volta das 19 horas, e a temperatura todos os dias tem sido basicamente entre 6 a 14 graus celcius. Mas tenho um aplicativo no celular que as vezes me diz que a sensação térmica é de 4 graus. Estamos cada vez mais perto dos dias em que teremos apenas 6 horas de claridade por dia, e temperaturas a baixo de zero, com neve diariamente e tudo mais. (Uma amiga que mora há poucos quilômetros daqui, na Noruega, me disse que por lá começou a nevar já ontem, pela noite - sendo que geralmente a neve começa a cair em dezembro)

É fato que eu tenho andado de bicicleta pra cima e pra baixo. Aliás, minto. Aqui não tem "cima" e "baixo", tudo é plano, reto. Foi super de boa me acostumar. Eu andava muito de bicicleta quando criança lá no interior das minhas Montanhosas Gerais (Minas), então aqui o que eu tive que aprender a fazer foi basicamente parar no semáforo vermelho (mesmo se não tiver ninguém e nenhum carro na rua, se vc não para a multa pode ser altíssima - se a polícia te vir) e sinalizar esticando o braço toda vez que eu for parar, dobrar à direita ou dobrar à esquerda. E claro, também tive que aprender a não correr muito quando estou bêbado, pra evitar de estourar os pneus da bicicleta outra vez, já que a maioria das bicicletas aqui (assim como a minha) não são mountain bikes que aguentam tudo que é pulo e batida (como eu estava acostumado). 

Falando em beber, eu tenho bebido muito mais que no Brasil (acho). Tenho me adaptado bem à cultura de sair nos finais de semana para as baladas (que a gente não paga pra entrar), dançar (coisa que antes nunca gostei muito de fazer) e socializar. Sim, socializar. Não falo por mim somente, porque eu já sou super socializável por mim mesmo. Mas é que os dinamarqueses começam a puxar conversa com a gente depois que estão bêbados. No meu caso, pelo menos, já até me pagaram algumas bebidas umas vezes. E isso nos bares comuns (não necessariamente gays). E também costumam vir até mim pra me dizer que eu pareço com o Frodo. Até no meu trampo começaram a me chamar de Frodo agora.

Falando no meu trampo, até hoje não falei que sou gay. E essa semana meus colegas me disseram que começarão a serem mais "mean to me". Eu não sabia o que isso significava, mas o Google me explicou que eles agora vão começar a fazer piadas comigo e sobre mim. E complementaram dizendo que a partir de agora eles começarão a ser mais "normais" (no jeito deles) comigo. Na última empresa que trabalhei no Brasil vivíamos fazendo piadas uns sobre os outros também. Eu acho que agora, eles começando a fazer isso aqui, eu poderei começar a me sentir mais à vontade também. Afinal, até hoje só tenho ficado cada vez mais calado e me isolando, ou seguindo o fluxo natural de me deixar isolar deles. 

Digo fluxo natural porque na empresa meus colegas de trabalho falam dinamarquês entre si. Até mesmo quando a gente sai às vezes pra almoçar em algum restaurante (chefe paga). Depois ainda me perguntam  porquê estou tão calado, como se eu tivesse alguma opção de participar da conversa ou de começar uma nova conversa sendo que o risco de eu estar sendo inconveniente mudando pra um assunto totalmente nada a ver é altíssimo. 

Mas é, eu acredito que as piadas vão ajudar a interagirmos mais uns com os outros, e essa interação também vai me ajudar a aprender a entender o sotaque de alguns dos meus colegas também (meu vocabulário é meio limitado em inglês, e o sotaque de alguns de algumas pessoas as vezes dificultam ainda mais pra eu entender). E apesar de que a Dinamarca é dos países mais cabeça aberta do mundo, eu ando pensando em não dizer que sou gay por agora. Não por agora porque frequentemente eles me fazem perguntas sobre minha vida pessoal (querem saber o que tenho feito nos finais de semana, etc) ao mesmo tempo que eles mesmos nunca falam muito das vidas deles. Não há reciprocidade. Mas por EU ser o novato em meio à toda a diferença cultural e tudo mais, isso é super entendível. Por isso, acho que vou é seguir o conselho da minha irmã e não me expor muito pra eles (ela provavelmente se referia à falar sobre minha sexualidade, quando me aconselhou isso). Dessa forma eu evito ter que possivelmente ficar respondendo sobre minha vida amorosa e sexual também (se tenho conhecido caras, etc e tal).

E aí, bagunçando um pouco o contexto e voltando na parte da barreira linguística, eu também andei pensando sobre a questão de aprender dinamarquês. Quando cheguei aqui eu tava super empolgado com isso. Mas agora, já estou mais devagar. Não tenho estudado em casa nas últimas semanas (e pra aprender uma língua - sobretudo dinamarquês - a gente tem que estudar sozinho com certeza). De fato não é viver aqui que estimula alguém a aprender a língua, já que todo mundo fala inglês e a língua é tão esquisita e sem padrões. 

Eu tenho focado em melhorar meu inglês. E... adivinha. Além da questão de estar dançando quase todo final de semana, eu também adquiri outro novo hábito: ver filmes! Nunca fui de gostar de ficar vendo filmes. E na verdade eu sou péssimo pra acompanhar legendas (a maioria das vezes não consigo). Mas nas duas últimas semanas eu tenho assistido filmes todos os dias. Geralmente filmes em inglês e com legenda em inglês. Tenho assistido pelo Netflix (minha outra irmã tem um login, e me deixa usá-lo), e assim passado várias horas dos meus dias depois do trabalho. É como se eu estivesse compensando por toda a minha vida que não assisti filmes. MAS, claro, tenho dado preferência em assistir os filmes de temática LGBT. Aliás, isso sempre ajuda a gente (que pertence a qualquer outra orientação não-hetero) a ter mais referências e histórias mais a ver com a gente. Porque as bagaças das TVs (no Brasil, até quando eu tava lá) o máximo que faz é mostrar que eu sou afeminado por ser gay, e que eu estou sofrendo por um amor platônico por algum cara masculino e hetero, ou que não é hetero e até vai ficar comigo, mas nunca vai sequer beijar (enquanto os casais heteros já fazem quase que sexo explícito na TV) porque "tem gente que se choca" se ver esse tipo de coisa na TV.

Ainda falando da TV brasileira, eu participei lá de protestos no meio de São Paulo em julho, antes de vir pra cá. E esses protestos continuam até hoje. No meu dia-a-dia aqui eu tenho acompanhado mais noticiários do quê eu acompanhava lá. E procuro ver o que o pessoal publica no Facebook também (tenho ótimos amigos engajados na causa), pra saber o que realmente tá acontecendo (pra não me deixar levar pela mídia mentindo ou enfatizando as coisas menos significantes). Mas aqui as coisas são tão iguais pra todo mundo; corrupção parece não existir; e pessoas que roubam (fora roubo de bicicleta, que parece que nem consideram) basicamente não existem; a ponto de todo mundo confiar muito uns nos outros e deixar pertences em lugares fora de seus campos de vista sem terem medo de serem roubados (que eu fico impressionado com essa falta de medo). Aliás, já andei lendo que essa falta de medo (ou "confiança") que as pessoas têm umas nas outras aqui é um dos principais motivos pelos quais as pessoas que vivem aqui no país são consideradas "as mais felizes do mundo".

Mas é. Agora já virou 1 hora da madrugada por aqui. Já assisti dois filmes hoje e estou terminando minha terceira latinha de cerveja, depois de ter decidido dar uma atualizada aqui no blog.

É muito engraçado como minha vida virou um "antes" (vide mensagem do começo do texto) e um "depois" (a vida sem conhecer ninguém, sem ninguém me conhecer, e sem conseguir ser tão socializável como eu costumava ser, por causa de dificuldades linguísticas). Mas bora lá. Vou tentar dormir porque daqui umas 8 horas estarei acordando (na manhã de sábado) pra ir visitar um castelo com o pessoal da AIESEC (convites ganhos pela "Comunidade" como boas vindas à cidade). Eu sei que esse post poderia ter sido escrito menos embolado, mas o importante é que escrevi algo, né?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Entrevistado por uma revista de viajantes na América do Sul

Dei entrevista pra uma revista de viajantes/caroneiros lá da América do Sul. Clica aí na imagem pra ler (é só clicar em "Português" pra ler).


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Como ir pra Copenhague pedindo carona, saindo de Odense, Dinamarca

De novo fui pra Copenhague pedindo carona sexta passada :) O segundo fds consecutivo que fui pra lá de dedão. Tem legenda em português no vídeo.
É tipo um tutorial pra quem quiser pedir carona daqui de Odense pra lá, qual bus pegar, onde descer do busão e onde pedir carona.